Ainda não mudei nada de lugar, nossas fotos continuam nos meus lindos porta-retratos cor de rosa, seus recados em post-it continuam fixados no meu quadro e ainda tem seu cheiro no meu cobertor lá naquele quarto que não tive coragem de desmontar.
É incrível como perdemos toda a força e coragem de quando estamos decididos ao chegarmos ao fim de algum relacionamento. É, to falando de namoro mesmo...tenha ele durado três anos ou três meses.
Mas erramos desde o começo, sabe aquele texto que você começa a escrever de caneta sem ter um rascunho e ele acaba todo rasurado e cheios de erros aparentes? Então. Deveríamos ter escrito nossa história a lápis, já que os erros sempre acontecerão, por mais perfeitas que sejam as circunstâncias.
Na vida, o relacionamento é como se fosse um papel carta em que escrevemos uma linda história de amor. E ele deve ser escrito com traços leves para não deixar marcas profundas no papel. Deve se ter um traço fino também, para que quando passemos a borracha das desculpas sobre os erros cometidos, eles fiquem quase imperceptíveis e ao se decidir escrever outra vez com o poder do perdão, todo o erro sumiria, como mágica.
O amor é um pouco de magia, mas amar é um treino diário. É um eterno "ceder", e não digo ceder de suas verdades e escolhas de vida. Mas sim em ceder um carinho a mais, uma companhia a mais, uma conversa a mais, um toque ou até um sorriso a mais.
Mas sabe, fui acostumada com a ideia de que você, a quem tanto me dediquei, faria o mesmo por nós. Mas, no mundo real, as coisas não são bem assim. A gente cria no nosso mundo colorido e cheio de unicórnios de que aquele amor e sentimento serão eternos, porém o que é mais difícil de aceitar é que o lindo e "eterno" romance, tem sim um prazo de validade.
E tudo bem se não durar o tempo que imaginávamos que fosse durar, o mais importante de toda essa história, é que a gente respire aliviado sabendo que contribuímos e deixamos um pouco da nossa essência no coração daquele que tanto nos fez sorrir. Mesmo depois nos fazendo chorar.
Sinto que sempre depois de um término, olhamos a pessoa com um olhar nostálgico. E talvez nem seja tanto por querer voltar aos dias de tormento... Olhamos e sentimos vontade do que não podemos mais ter. E isso mesmo que tenha sido por escolha, incomoda.
Incomoda porque somos humanos e eternamente ingratos por aquilo que temos e ainda corremos arrependidos quando se é tirado algo de nós. Tô incomodada.
Mas eu peguei aquele papel carta que escrevemos, mesmo que a caneta e todo marcado, rasurado pelos erros (mesmo que bobos que cometemos). E vou guardar ele para quando for escrever uma nova história. Seja com ou sem você.
E olha, não se culpe por um término. Orgulhe-se por saber que você deu o seu máximo por aquele alguém.
Agora novas folhas nos serão dadas, novas páginas serão escritas nesse livro lindo e mágico que é a vida. Mas lembre-se de escrever a lápis, com traços leves e finos. Cuide para cometer erros que possam ser apagados pela borracha da desculpa e esquecidos pela mágica do perdão. Só assim teremos a nossa tão sonhada história de amor.
Por Aline Laconca e Bruna Pádua
